Aqueles que ali vão, em terno abraço
como modelos de união fraterna,
cantando, e aos empurrões, para a taberna,
- um deles é coveiro, o outro palhaço.
Com eles, horas mui patuscas passo,
estudando cada um. - Minha lanterna
interroga cada alma, qual, na interna
mina, o mineiro com soturno passo.
Quando eu escuto o lúgubre coveiro,
sinto o spleen do Hamleto e aspiro o cheiro
da erva calcada, os goivos, os chorões.
Mas se guincha o palhaço, sinto as solas
dos meus pés a pedirem cabriolas;
- à luz do gás e ao «hurrah» das multidões.
in Poemas Portugueses Antologia da Poesia portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI,
selecção, organização, introdução e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage, Porto Editora
António Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 Jun 1848; m. 29 Jan 1921)
Ler do mesmo autor, neste blog:
A Um Corpo Perfeito
O Amor do Vermelho (Nevrose de um Lord)
A Lady
Romantismo
Som e Cor
O Visionário ou Som e Cor III
Cantiga de Campo
À Janela do Ocidente
1 comentário:
Lindo soneto, meu amigo!
Você anda sumido, está zangado comigo?
Boa semana! Beijos
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