Depois da chuva o Sol - a graça.
Oh! a terra molhada iluminada!
E os regos da água atravessando a praça
- Luz a fluir, num fluir imperceptível quase.
Canta contente um pássaro qualquer.
Logo a seguir nos ramos nus, esvoaça.
O fundo é branco - cal fresquinha no casario da praça.
Guizos, rodas rodando, vozes claras no ar.
Tão alegre este Sol! Há Deus. (Tivera-O eu negado
antes do Sol, mas duvidava agora.)
Ó Tarde virgem, Senhora Aparecida! Ó Tarde igual
às montanhas do princípio!
E tu passaste, flor dos olhos pretos que admiro.
Grácil, tão grácil!... Pura imagem da Tarde...
Flor levada nas águas, mansamente...
(Fluía a luz, num fluir imperceptível quase...)
(Pelo Sonho É Que Vamos, 1953)
Sebastião Artur Cardoso da Gama (n. em Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal, a 10 de Abril de 1924; m. em Lisboa a 7 de Fevereiro de 1952).
Do mesmo autor ler, neste blog, os belíssimos poemas:
Crepuscular
Largo do Espírito Santo, 2 - 2º
Nasci Para Ser Ignorante
Pequeno Poema
O Sonho
Madrigal
Poema da Minha Esperança
Anunciação
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