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2010-09-04

Silêncio - Medeiros e Albuquerque

II s’en plaignit, il en parla,...
J’en connais de plus misérables.
JOB, Benserade

Cala. Qualquer que seja esse tormento
que te lacera o coração transido,
guarda-o dentro de ti, sem um gemido,
sem um gemido, sem um só lamento!

Por mais que doa e sangre o ferimento,
não mostres a ninguém, compadecido,
a tua dor, o teu amor traído:
não prostituas o teu sofrimento!

Pranto ou Palavra - em nada disso cabe
todo o amargor de um coração enfermo
profundamente vilipendiado.

Nada é tão nobre como ver quem sabe,
trancado dentro de uma dor sem termo,
mágoas terríveis suportar calado!

(Últimos versos, in Poesias, 1904.)

José Joaquim de Campos da Costa MEDEIROS E ALBUQUERQUE nasceu no Recife (PE) a 4 de Setembro de 1867 e faleceu no Rio de Janeiro a 9 de Junho de 1934.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Anémicas
Ilusões
Soneto decadente

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