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2010-06-11

Na Aldeia - Gonçalves Crespo

Duas horas da tarde. Um sol ardente
nos colmos dardejando e nos eirados.
Sobreleva aos sussurros abafados
o grito das bigornas estridente.

A taberna é vazia; mansamente
treme o loureiro nos umbrais pintados;
zumbem à porta insectos variegados,
envolvidos do sol na luz tremente.

Fia à soleira uma velhinha: o filho
no céu mal acordou da aurora o brilho
saiu para os cansaços da lavoura.

A nora lava na ribeira, e os netos
ao longe correm seminus, inquietos,
no mar ondeante da seara loura.


in Poemas Portugueses Antologia das Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora

António Cândido GONÇALVES CRESPO nasceu nos subúrbios do Rio de Janeiro a 11 de Março de 1846 e morreu, tuberculoso, em Lisboa, a 11 de Junho de 1883.

Ler do mesmo autor:
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Nunca eu te lesse, balada!
Na Roça
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