Lusitano cantor, épico vate,
que tens da lusa tuba a primazia,
que o berço foste ver que embala o dia,
por mãos da Aurora Oriental no Gate,
yu, que perdeste em hórrido combate
em defesa da Pátria, em Berberia,
a dextra luz que no teu rosto ardia
quando o mouro de Ceuta às portas bate,
tu, que o canto imortal, sagrado ao Gama,
no Mecon, com valor, salvaste a nado,
para te dar no Mundo eterna Fama,
poeta imortal, intrépido soldado,
se morreste em miséria, em pobre cama,
triunfaste na morte, de teu Fado!
Francisco Joaquim Bingre nasceu em Aveiro a 9 de Julho de 1763 e morreu em Mira a 26 de Março de 1856. O apelido é adaptado da mãe (Hybingre), que era de origem austríaca. Em 1790, foi um dos fundadores da Nova Arcádia, onde usou o nome de Francélio Vouguense. Em 1801, foi nomeado escrivão da câmara e tabelião do tribunal de Mira, mas, em 1934, a reforma judiciária dos liberais extinguia este tribunal e o poeta, com 70 anos de idade e mais de 30 de de serviço ficou desempregado e sem reforma, valendo-lhe a caridade dos amigos para não morrer de fome, como Camões. Ficou conhecido como o Cisne do Vouga. O seu soneto camoniano escapou à nossa anterior colectânea «Camões, grande Camões» (ed. Unicepe, 2002).
Ler do mesmo autor, neste blog: Retrospectiva
Meus Versos
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