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2010-01-31

Em jornada difícil, ninguém do trio da frente cedeu

Resultados da 17ª. Jornada
29 Jan 20:45Braga 1-0Sporting
30 Jan 16:00U. Leiria2-0Olhanense
30 Jan 16:00Naval1-0Belenenses
30 Jan 17:00Nacional0-4FC Porto
30 Jan 19:15Benfica3-1V. Guimarães
31 Jan 16:00V. Setúbal 2-2Rio Ave
31 Jan 18:00P. Ferreira 2-1Académica
01 Fev 20:15Leixões -Marítimo


Comentários da Jornada:

A jornada que se previa difícil para o trio da frente acabou por se converter em três triunfos dos favoritos, que assim afastam definitivamente a concorrência, e continuarão a lutar entre si para ver quem é o primeiro a fraquejar. De facto, já depois do Braga, na sexta-feira, se ter desenvencilhado do Sporting, graças a um golo solitário de Paulo César ainda na primeira parte, o Porto goleou na Madeira o Nacional por quatro a zero (com dois golos de Varela e outros dois de Falcão), mas com muito dedo - melhor dizendo, assobio - de Carlos Xistra: não assinalando aos 9' um penalty de Fucile, viria a marcar um inexistente a favor do Porto a que acreceu o segundo cartão amarelo e expulsão a Alex Bruno (29'). Depois o Porto aproveitou para tentar afastar um cenário de crise, que parece evidente.

Ao Benfica cabia a pressão de ganhar ao Guimarães, o que nos últimos anos não tem ocorrido com frequência, mesmo em casa. Depois de ganhar avanço por Aimar, teve na segunda parte que se empenhar para desfazer a igualdade que Nuno Assis obteve ainda na primeira parte. Dois golos de Carlos Martins, que viria a ser expulso, concretizaram o triunfo de uma equipa que tem muitas soluções mas que não esteve tão concentrada e eficaz como é costume (como é possível Cardozo falhar aquele golo?).

Numa jornada favorável às equipas que jogaram em casa, o Porto foi a única que venceu fora, e o Rio Ave empatou em Setúbal a duas bolas, com os quatro golos todos a surgirem de lances de «bola parada». Neste jogo os sadinos começaram por beneficiar de um penalty com 30 segundos de jogo e da expulsão do guarda-redes Carlos («mal» regressado da CAN), o que deu vantagem no marcador. Perto do fim da 1ª. parte Chidi obteve o empate numa recarga a um livre de Fábio Faria. Os vilacondenses viraram mesmo o resultado a seu favor, na sequência de penalty, e com expulsão para um defesa sadino, mas foi Chidi que obteve o golo na recarga, porque Wires não conseguiu enfiar a bola na baliza. Já 10 contra 10, Neca de livre deu um pontinho ao Setúbal, que ainda se viu em desvantagem de jogadores porque Ney foi o 3º. expulso do jogo. Apesar destas incidências registe-se os comentários positivos de ambos os treinadores à arbitragem de André Gralha.

A União de Leiria despachou o Olhanense mas só na segunda parte, com golos de Silas (61') e Vítor Moreno (89'), enquanto o Belenenses vai de mal a pior, afundando-se no último lugar. A Naval aproveitou o tal factor casa e venceu com um golo solitário de Godermeche aos 18' e respira muito melhor na classificação.

Falta uma referência ao jogo desta tarde na Mata Real onde a Académica esteve a ganhar com um golo de Berger no início do segundo tempo, mas os minutos finais foram fatais para os «estudantes». Aos 85' Ricardo empatou de cabeça e em tempos de desconto (90+3) Romeu Torres, rambém de cabeça, conseguiu o golo do triunfo dos pacenses, o quarto na competição.

Só amanhã a jornada fica completa com o Leixões a jogar no Estádio do Mar com o Marítimo.

Na próxima jornada o Braga vai ao Restelo defrontar o último classificado, o Benfica vai a Setúbal, que é penúltimo, e o Porto joga em casa frente à Naval. Mas a meio da semana há os jogos da Taça de Portugal com um Porto-Sporting no Dragão. O Benfica antecipou o jogo da 20ª. Jornada com a União de Leiria e joga na 4ª. feira na Luz. Oportunidade para ficar isolado na tabela.

Classificação
LugarClubePontosGolos
1. Braga 4224-6
1. Benfica4247-10
3. Porto36 35-14
4.Sporting 27 19-14
5. União de Leiria2623-16
5. Nacional2624-23
7.Vit. de Guimarães2317-20
8.Rio Ave 20 15-16
9. Marítimo (*)1923-25
9.Paços de Ferreira 19 16-18
11. Naval 1º. de Maio1814-16
12.Académica 1621-27
13. Olhanense 1413-22
13. Leixões (*)1416-27
13.Vitória de Setúbal1411-31
16. Belenenses 11 8-21
(*) Têm um jogo a menos defrontando-se amanhã no Estádio do Mar

Melhores Marcadores
1.CardozoBenfica15
2.FalcãoFC Porto13
3.Edgar SilvaNacional10
4.SaviolaBenfica 9
5.VarelaFC Porto7
5.SongouAcadémica7
7.João TomásRio Ave6
7.WilliamPaços de Ferreira6
7.LiedsonSporting 6



Jogos da 18ª. Jornada
6 Fev. 19:15Sporting-Académica
6 Fev. 21:15V. Setúbal-Benfica
7 Fev. 15:00Olhanense-Nacional
7 Fev. 16:00Rio Ave-Leixões
7 Fev. 16:00Marítimo-U. Leiria
7 Fev. 18:00V. Guimarães -Paços de Ferreira
7 Fev. 20:15Porto -Naval 1º. Maio
8 Fev. 20:15Belenenses -Braga

No centenário da morte de Luís Delfino - Cadáver de Virgem

A Morte da Virgem, 1606, Michelangelo Caravaggio
óleo sobre tela, 369x245 cm, Paris, Museu do Louvre

Estava num caixão como num leito,
palidamente fria e adormecida;
as mãos cruzadas sobre o casto peito
e em cada olhar sem luz um sol sem vida.

Pés atados com fita em nó perfeito,
de roupas alvas de cetim vestida;
o torso duro, rígido, direito;
a face calma, lânguida, abatida...

O diadema das virgens sobre a testa;
níveo lírio entre as mãos, toda enfeitada,
mas como noiva que cansou da festa...

Por seis cavalos brancos arrancada,
onde vais tu dormir a longa sesta,
na mole cama em que te vi deitada?

LUÍS DELFINO dos Santos nasceu em Desterro, hoje Florianópolis (SC), a 25 de Agosto de 1834 e morreu no Rio a 31 de Janeiro de 1910. Diplomado em Medicina pela faculdade do Rio, chegou a ser senador da República por Santa Catarina, em 1891. Era liberal e abolicionista. A sua obra poética vai do Romantismo ao Simbolismo, passando pelo Parnasianismo, embora, no fundo, tenha sido sempre um romântico. Desdenhoso da glória, nunca publicou qualquer livro e foi o filho quem procedeu à recolha póstuma por jornais e revistas (uma dezena de vols.). O seu soneto pode ser comparado ao equivalente do português António Feijó: «Pálida e loira...».

Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.


2010-01-30

Liga Sagres: Benfica ganha ao Guimarães e não desliga do Braga

Benfica logoV. Guimarães logo Benfica

3 - 1

V. Guimarães


Carlos Martins foi decisivo com dois golos (e expulsão)


A jornada que se previa difícil para o trio da frente acabou por se converter em três triunfos dos favoritos, que assim afastam definitivamente a concorrência, e continuarão a lutar entre si para ver quem é o primeiro a fraquejar. De facto, já depois do Braga, na sexta-feira, se ter desenvencilhado do Sporting, o Porto goleou na Madeira o Nacional por quatro a zero (mas com dedo - melhor dizendo, assobio - de Xistra). Ao Benfica cabia a pressão de ganhar ao Guimarães, o que nos últimos anos não tem ocorrido com frequência, mesmo em casa.

Na primeira parte o jogo teve as feições esperadas com os vimaranenses mais povoados no seu meio-campo defensivo, mas jogando com Targino na direita e na criatividade de Nuno Assis para pôr problemas na defensiva encarnada. Com muitos cartões amarelos ainda com tanto tempo para jogar - 4 cartões amarelos para jogadores do Guimarães e 2 (Carlos Martins e David Luís) ao final da primeira parte - não era difícil adivinhar que o jogo não ia acabar com 22 jogadores em campo.

Quando o Benfica através de uma jogada individual de Aimar que ao pretender assistir
Cardozo, viu um defesa vimaranense pôr-lhe a bola na frente para a finalização vitoriosa, ficou em vantagem no marcador (17'), esperavam-se mais facilidades para a equipa da casa dada a capacidade e facilidade com que o Benfica constrói as transições ofensivas. Contudo, sem que tivesse ocorrido ameaças prévias o Vitória de Guimarães empataria o jogo aos 32'. Douglas desacompanhado na frente soube contemporizar para combinar com um colega, aparecendo depois Nuno Assis, em velocidade a bater a defesa benfiquista e a marcar perante a saída de Quim.

Esta primeira parte já dera para perceber que não era o dia de Cardozo, que mostrou-se lento na finalização de dois lances (um logo ao primeiro minuto e outro a não aproveitar uma bola na pequena área depois de incursão pela direoita até à linha final do ataqiue encarnado.

Na segunda parte o Benfica cedo voltou a ganhar vantagem no marcador. A equipa do Benfica nos primeiros dez minutos das segundas partes tem conseguido um número impressionante de golos e desta vez Carlos Martins aproveitando uma assistência de Aimar fez a bola entrar junto ao poste e tranquilizou os adeptos encarnados aos 50'.

O jogo ganhou dinamismo e ficou mais aberto e solto. Aos 60' uma bomba de Carlos Martins do «meio da rua» - grande golo - assegurava o triunfo encarnado, faltando saber em quantos ia ficar o resultado. Porém, o 3-1 fez mal ao Benfica que jogou pior; seja por descompressão do Guimarães que fez substituições para assumir uma postura mais ofensiva, seja por erros individuais motivados por falta de concentração: a expulsão de Carlos Martins (por mão na bola - segundo cartão amarelo), um jogador encarnado que adormeceu na área defensiva e Nuno Assis quase marcava e até em jogadas de ataque falhou o que era fácil - Cardozo partindo do meio-campo teve todo o tempo e espaço do mundo para marcar o 4-1 e rematou de modo a proporcionar a defesa de Nilson-.

O árbitro também demonstrou que é muito fraco quando Marquinhos agarrou a bola a duas mãos fazendo uma defesa de guarda-redes (pensando que a bola tinha transposto a linha lateral, o que ainda não acontecera) e livrou-se do cartão amarelo que o árbitro mostrara minutos antes a Carlos Martins.

O Guimarães esteve perto do 3-2 algumas vezes, uma das quais por Nuno Assis com Quim desta vez a levar a melhor, mas o Benfica também teve chances para o 4-1 (para além da perdida inacreditável de Cardozo), Éder Luís viu a bola de um remate que quiz colocado ser desviado por Nilsson e bater na barra.

Quarta-feira o Benfica volta a jogar em casa contra a União de Leiria em jogo antecipado da 20ª. Jornada e aí sim, em caso de vitória, a pressão passa para os lados de Braga!

Estádio da Luz com uma assistência superior a 50.000

BENFICA: Quim; Maxi Pereira, Luisão, David Luiz e Fábio Coentrão; Javi García, Carlos Martins, Di María e Pablo Aimar (Rúben Amorim, 74); Saviola (Éder Luís, 76) e Óscar Cardozo (Alan Kardec, 88).

Suplentes: Júlio César, Miguel Vítor, Rúben Amorim, César Peixoto, Éder Luis, Alan Kardec e Nuno Gomes.

V. GUIMARÃES: Nilson; Alex (Roberto, 68), Moreno, Valdomiro e Leandro (Fábio Felício, 65); João Alves, Custódio, Targino (Marquinho, 34), Nuno Assis e Desmarets; Douglas.

Suplentes: Serginho, Paulo Oliveira, Carlitos, Jorge Gonçalves, Fábio Felício, Roberto e Marquinho.

Marcadores: 1-0 por Aimar (17), 1-1 por Nuno Assis (32), 2-0 e 3-0 por Carlos Martins (50 e 60).

Acção disciplinar: Amarelo para Leandro (18), Douglas (20), David Luiz (25), Moreno (39), Carlos Martins (42 e 72), Fábio Coentrão (63), Valdomiro (75).

Regresso - Alda Lara

(...)

Sim! Eu hei-de voltar,
tenho de voltar,
não há nada que mo impeça.
Com que prazer
hei-de esquecer
toda esta luta insana...
que em frente está a terra angolana,
a prometer o mundo
a quem regressa...

Ah! quando eu voltar...
Hão-de as acácias rubras,
a sangrar
numa verbena sem fim,
florir só para mim!...
E o sol esplendoroso e quente,
o sol ardente,
há-de gritar na apoteose do poente,
o meu prazer sem lei...
A minha alegria enorme de poder
enfim dizer:
Voltei!...

Poema extraído daqui

Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque(Benguela, em 9.6.1930 - Cambambe, 30.1.1962)

On this day in History - Jan. 30

2010-01-29

Braga ganha ao Sporting com golo de Paulo César

S.C. Braga logo Braga

1-0

Sporting


Braga mostra porque é o mais forte opositor do Benfica na candidatura ao título...

Jogo grande e de enorme expectativa em Braga a iniciar a Jornada 17, segunda da segunda volta. Até que ponto o Braga confirma a capacidade de líder da tabela classificativa perante um Sporting (alegadamente) em melhoria de forma?

Jogo «fechado», muito disputado, sem criação de desiquilíbrios favorávereis às equipas nos lances de ataque, muita disputa de bola a meio-campo; um passe de calcanhar solta João Pereira na direita, mas o cruzamento é muito largo...

Aos 30' Paulo César arranca pela esquerda passa por Grimi, entra na área e remata com a bola a desviar em Tonel e a parar no fundo da baliza inaugurando o marcador.

Este golo «abriu» o jogo, finalmente há lances com jogadores libertos e a haver faltas para os travar dando amarelos disciplinares para Carriço (36') e Adrien Silva (44') ambos por travar Mossoró embalado no meio-campo adversário. Pelo meio uma bola metida na área bracarense tem uma intervennção deficiente de Eduardo que se embrulha com um colega da defesa, a bola sobra para Liedson de costas para a baliza e querendo finalizar rápido não consegue a direcção pretendida para a bola.

Na segunda parte a incapacidade de criação de lances ofensivos de perigo por parte do sPOR Sporting foi evidente. Poder-se dizer que, mesmo com uma postura prudente no campo, foi na segunda parte que a equipa bracarense justifica o triunfo no jogo. Um meio-campo sportinguista com unidades defensivas a mais (Miguel Veloso, Adrien) para quem está a perder , Izmailov a mnmenos e um Saleiro a perder gás levam o treinador do Sporting a mexer na equipa. Primeiro a entrada de Yanick Djaló (54') para a saída do russo, seis minutos depois a entrada de Matias Fernandez para a saída de Adrien Silva. Uma teórica aposta numa maior postura ofensiva, mas as coisas não resultaram bem. Já depois de mais um cartão amarelo para Miguel Veloso por travar em falta progressão perigosa de Paulo César (nessa altura 3-1 em cartões já que Meyong também já vira um) foi a vez de Domingos reforçar o meio-campo tirando Paulo César e Meyong, dois avançados, para entrarem Luís Aguiar e Matheus - um centro-campista ainda que ofensivo e um avançado. Eduardo ia tendo uma noite tranquila até porque a terceira substituição no Sporting (saída de Saleiro por Pongole) também não resultou muito bem com o reforço leonino substituto de Caicedo a fazer mais jus ao nome de «Centratarde» do que a «golo» já que por duas vezes demorou na definição do lance deixando a bola ultrapassar a lk«inha final do campo antes da realização dos cruzamentos. Aos 80' Eduardo a sair a uma bola no limite da área perseguida por Pongole lesionou-se com aparente gravidade (e então os bracarenses já tinham as substituições esgotadas porque entrara Renteria para o lugar de Mossoró) e aí gerou-se alguma expectativa sobre a eventual necessidade de ir um jogador de campo para a baliza. O guarda-redes bracarense depois de uma interrupção longa do jogo recuperou o lugar na baliza e foi só no tempo de desconto (sete minutos justificados) que o Sporting fez perigar o triunfo do Braga com Eduardo a defender um remate de cabeça de Matías a centro de Grimi e especialmente quando Veloso de fora da área disparou um remate que levava a direcção da baliza mas com a bola a desviar num defesa e a sair ao lado da baliza sem que João Ferreira assinalasse o pontapé de canto.

Triunfo feliz mas justo dos bracarenses perante um Sporting de cor (ainda) pálida incapaz de reacção significativa à desvantagem.

A arbitragem teve apenas alguns erros menores, estando bem, em particular, no aspecto disciplinar.

No final do jogo Domingos falou em candidatura ao título se mantiver o primeiro lugar quando faltar dez jornadas (o que é já daqui a 3 jogos) enquanto Carvalhal deve ter visto jogo diferente ao concluir que o Sporting podia ter ganho... poder podia, se tivesse jogado melhor!

Árbitro: João Ferreira

Sp. Braga: Eduardo; Filipe Oliveira, Moisés, Rodriguez, Evaldo; Vandinho, Hugo Viana, Mossoró (Renteria, 76); Alan, Meyong (Luís Aguiar, 62) e Paulo César (Matheus, 62)

Suplentes: Kieszek, Paulão, Luís Aguiar, Miguel Garcia, Renteria, Adriano e Matheus

Sporting: Rui Patrício; João Pereira, Tonel, Daniel Carriço, Grimi; Adrien (Matias, 60), Izmailov, Miguel Veloso, João Moutinho; Carlos Saleiro (Pongolle, 70) e Liedson.

Suplentes: Tiago, Polga, Pedro Silva, Matias, Yannick, Pongolle e Postiga.

Marcador: 1-0 por Paulo César (30)

Disciplina: Cartão amarelo para Daniel Carriço 37' e Adrien Silva 45' por rasteirarem Mossoró; cartão amarelo para Meyong 56' , Miguel Veloso 62' por travar jogada perigosa de Paulo César, Saleiro 66' por falta por trás, Mossoró 68' e ainda a Polga (no banco) aos 88'

A Lady - Gomes Leal


Lady Sherly / painting / by Anthony van Dyck Lady Sherly 1622. Oil on canvas.
Anthony van Dyck. National Trust,
Petworth House, Sussex, UK from here

Aquela que me tem, agora, presa
Minha alma, meus sentidos, meus cuidados...
E me faz sonhar sonhos desmanchados,
É uma altiva e olímpica inglesa.

Nunca tipo ideal de mais pureza
Vi nos góticos quadros mais prezados.
Seus doces olhos castos e velados
Têm um ar, infinito, de tristeza.

Tem uns gestos de deusa que caminha
Fonte grega, e um ar grande de Rainha,
E umas mãos como as ladies de Van Dyck...

Segue-a sempre um lacaio, e tristemente,
É por ela que eu morro, lentamente...
E ponho no bigode cosmétique

in Cem Sonetos Portugueses, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar.

António Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 Jun 1848; m. 29 Jan 1921)

Ler do mesmo autor, neste blog: Romantismo; Som e Cor; O Visionário ou Som e Cor III; Cantiga de Campo

On this day in History - Jan. 29