Fazer versos, amigos, é meu fado.
Nunca me canso nem sequer conheço
Esse embaraço triste, esse tropeço
Que a rima sempre opõe ao mais ousado.
Às vezes, certos dias, amanheço
Do destino das cousas alheado;
Viro as palavras todas pelo avesso.
Quero dizer: - escrevo sem cuidado.
Vou deixando caírem no papel
À toa, desconexos e revoltos,
Os verbos e adjetivos a granel.
Mas na minha alma há tanta dor bradando
Que os versos saem por ai mesmos soltos
Como pedaços dela soluçando.
poema extraído daqui
Gilberto de Lima Azevedo Souza Ferreira Amado de Faria (n. a 7 de Maio de 1887 em Estância, Sergipe, Brasil; m. em 27 de Agosto de 1969 no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil)
Ler do mesmo autor: Minha Vida
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