Miguel Torga, médico de profissão e transmontano, foi um escritor muito premiado: entre outros recebeu o Grande Prémio Internacional de Poesia Knokke-Heist em 1976. Em 1980 partilhou com Carlos Drummond de Andrade, o "Prémio Morgado de Mateus. Em 10 de Março de 1981, recebe o Prémio Montaigne, atribuído pela Fundação F.V.S. de Hamburgo (Alemanha) e o Prémio Camões - o maior galardão da lusofonia - foi-lhe atribuído em 1989. Em 1991 recebeu "Prémio Personalidade do Ano" e, no ano seguinte, o prémio "Vida Literária" da Associação Portuguesa de Escritores, na sua primeira atribuição. Faltou-lhe um «É um escândalo que nunca tenha havido um galardoado de Portugal com o Prémio Nobel (da Literatura). Esse prémio deveria ser para Miguel Torga» (disse Jorge Amado). Mais tarde veio a ser atribuido como se sabe a José Saramago.
TERMO
Pára, imaginaçãoNão há mais aventura, nem poesia.
A hora é de finados,
Com versos apagados
Na lareira onde a fogueira ardia.
Pára, é da lei.
Agora é só cansaço desiludido
E memória teimosa que entristece
O nada que acontece
E o muito acontecido.
Pára, porque findou
O tempo intemporal
Do amor e da graça concedida
A quem nele, no seu barro original
Modela a própria vida.
Coimbra, 3 Nov 1993
in Miguel Torga, Poesia Completa, Publicações Dom Quixote
Miguel Torga (Adolfo Correia da Rocha) (n. em São Martinho de Anta, Sabrosa a 12 Ago 1907; m. em Coimbra a 17 de Jan. de 1995).
Ler do mesmo autor, neste blog: Hora de amor; Mea culpa; Anátema; Livro de Horas; Quase um poema de amor; Perfil; Exorcismo; Bucólica.
Biografia em www.bib-arganil.org
Biografia em Vidas Lusófonas
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