óleo sobre tela, 369x245 cm, Paris, Museu do Louvre
Estava num caixão como num leito,
palidamente fria e adormecida;
as mãos cruzadas sobre o casto peito
e em cada olhar sem luz um sol sem vida.
Pés atados com fita em nó perfeito,
de roupas alvas de cetim vestida;
o torso duro, rígido, direito;
a face calma, lânguida, abatida...
O diadema das virgens sobre a testa;
níveo lírio entre as mãos, toda enfeitada,
mas como noiva que cansou da festa...
Por seis cavalos brancos arrancada,
onde vais tu dormir a longa sesta,
na mole cama em que te vi deitada?
palidamente fria e adormecida;
as mãos cruzadas sobre o casto peito
e em cada olhar sem luz um sol sem vida.
Pés atados com fita em nó perfeito,
de roupas alvas de cetim vestida;
o torso duro, rígido, direito;
a face calma, lânguida, abatida...
O diadema das virgens sobre a testa;
níveo lírio entre as mãos, toda enfeitada,
mas como noiva que cansou da festa...
Por seis cavalos brancos arrancada,
onde vais tu dormir a longa sesta,
na mole cama em que te vi deitada?
LUÍS DELFINO dos Santos nasceu em Desterro, hoje Florianópolis (SC), a 25 de agosto de 1834 e morreu no Rio a 31 de janeiro de 1910. Diplomado em Medicina pela faculdade do Rio, chegou a ser senador da República por Santa Catarina, em 1891. Era liberal e abolicionista. A sua obra poética vai do Romantismo ao Simbolismo, passando pelo Parnasianismo, embora, no fundo, tenha sido sempre um romântico. Desdenhoso da glória, nunca publicou qualquer livro e foi o filho quem procedeu à recolha póstuma por jornais e revistas (uma dezena de vols.). O seu soneto pode ser comparado ao equivalente do português António Feijó: «Pálida e loira...».
Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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