Amor, morte, poesia, política, actualidade, futebol, efemérides, solidão, paz, humor, musica...tudo e nada; Here we talk about life, love, death,
On this day in History, poetry, politics, football (soccer), solitude, peace, humour, music ... nothing and all.
Páginas
▼
2016-04-15
Poema de Amor - Fernando Namora
Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.
E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
não contes, amor, não contes
que o lobo é a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.
Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.
Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.
Não contes, amor, não contes
que eu tenho a alma sem luz.
...Quero-me só, a sofrer e arrastar
a minha cruz.
in "Relevos"
Fernando Namora (nasceu em Condeixa a 15 de abril de 1919; m. em Lisboa a 31 de janeiro de 1989)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Balada de Sempre
Poema 8: Vem Cassilda olhar a madrugada que rompe
Intimidade
Poema Cansado de Certos Momentos
Poema da Utopia
Coisas, Pequenas Coisas
Noite
Sem comentários:
Enviar um comentário