Farol do Recife imagem daqui
Apenas este ilhéu é que é pequeno
O resto é tudo grande: o tédio, a vida,
O dia enorme, a noite mais comprida,
E o mar, calmo ou feroz, rude ou sereno;
O tempo, esse narcótico veneno,
A dor, essa letárgica bebida,
O desejo, essa voz enrouquecida,
E a saudade, o distante e branco aceno.
Tudo profundo, imenso, na amplidão,
Eterno quási na desolação
E sobrenatural na solidão.
A luz vermelha a reflectir-se além…
Nenhum vapor que vai, nenhum que vem…
Farol e faroleiro – e mais ninguém.
João Cabral do Nascimento (n. no Funchal, ilha da Madeira em 22 de março de 1897; m. em 2 de março de 1978 em Lisboa)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Cantiga
Canção: O lenço com que me acena
Canção: Fui ao Mar Buscar Sardinha
Vão as Águas Nostálgicas do Rio;
Brasil
Adeus
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