Deixarei por herança
não o poema
mas o corpo no poema
aberto aos quatro ventos
Pois todo poema
é verde e maduro,
em areia movediça
de angústia, solidão
Onde me debato
ainda que finja o contrário
em busca da verdade
e seu chão
Deixarei por herança
não o poema
Mas o corpo repartido
na viagem inconclusa
Pois todo o poema maduro
é um verde poema
E, mesmo acabado,
se estriba na inconclusão
Claro, sem esquecer,
o estratagema da paixão
daqui
Lindolf Bell (n. em Timbó, Santa Catarina a 2 de novembro de 1938 - m. Blumenau, 10 de dezembro de 1998)
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