Ao passar pelo ribeiro
Onde às vezes me debruço
Fitou-me alguém, corpo inteiro
Dobrado como um soluço.
Pupilas negras, tão lassas,
Raízes iguais às minhas
Meu amor, quando me enlaças,
Porventura as adivinhas.
Meu amor, quando me enlaças.
Que palidez nesse rosto
sob o lençol do luar!
Tal e qual quem, ao sol-posto,
Estivera a agonizar
Deram-me então por conselho
Tirar de mim o sentido,
Mas depois, vendo-me ao espelho
Cuidei que tinha morrido.
Cuidei que tinha morrido.
Pedro da Cunha Pimentel Homem de Melo (Porto, 6 de setembro de 1904 — Porto, 5 de março de 1984)
Sem comentários:
Enviar um comentário