Todo o amor que nos prendera
Como se fora de cera,
Se quebrava e desfazia,
Ai, funesta Primavera,
Quem me dera, quem nos dera,
Ter morrido nesse dia!
E condenaram-me a tanto,
Viver comigo o meu pranto,
Viver, viver e sem ti.
Vivendo, sem no entanto
Eu me esquecer desse encanto
Que nesse dia perdi
Pão duro da solidão
É somente o que nos dão,
O que nos dão a comer.
Que importa que o coração
Diga que sim ou que não
Se continua a viver...?
Todo o amor que nos prendera
Se quebrara e desfizera,
Em pavor se convertia.
Ninguém fale em Primavera!
Quem me dera, quem nos dera
Ter morrido nesse dia
Letra extraída de «O Fado da Tua Voz. Amália e os Poetas», Vítor Pavão dos Santos, Bertrand Editora. A música é de Pedro Rodrigues.
David de Jesus Mourão-Ferreira nascido em Lisboa a 24 de fevereiro de 1927 e falecido na mesma cidade a 16 de junho de 1996
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