Deixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Coração sempre lírico, choroso,
E terno visionário, meu amigo!
Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vai ter contigo,
- Nada é mais grande, nobre e doloroso,
Do que tu, - vasto e húmido jazigo!
Nada é mais triste, trágico e profundo!
Ninguém te vence ou te venceu no mundo!...
Mas também, quem te pode consolar?!
Tu és Força, Arte, Amor, por excelência! -
E, contudo, ouve-o aqui, em confidencia;
- A Música é mais triste inda que o Mar!
in 'Claridades do Sul'
António Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 de junho de 1848; m. em 29 de janeiro de 1921)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Pregões Matinais
À Janela do Ocidente
A Lady
Romantismo
Som e Cor
O Visionário ou Som e Cor III
Cantiga de Campo
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