Para voltar
A ver-te
Um só instante,
A ti,
Que és mais bela que a lua,
Antes que a manhã recolha
As estrelas
Uma a uma
E as guarde
Do outro lado do céu,
Vou atravessar
O rio
Coberto de holofotes,
Que transformam o verde claro
Numa fosforescência
De água assustada.
Se não me matarem
Nem me apanharem vivo,
Mantém-te alerta
Mantém alerta
O desejo mais antigo
e o mais novo.
Vou passar
Do lado de fora
Da parede
Perfurada
Pelas balas:
Passa-me um lenço
De seda
Com o teu perfume.
Marca-o com o segredo
Dos teus lábios.
Alberto Pimenta (Porto, 26 de dezembro de 1937)
Ler do mesmo autor:
Perscrutação
elegia
Sem comentários:
Enviar um comentário