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2014-09-28

Como a Noite Descesse - Emílio Moura

Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e desesperado
diante dos horizontes que se fechavam
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível Aurora! e vi logo
só as estrelas é que me entenderiam.

Era preciso esperar que o próprio passado desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
- É por aqui!

Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
- Renasceste: liberta-te!

Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
- Ó doce e incorruptível Aurora...

se só as estrelas é que me entenderiam?


Emílio Guimarães Moura (n. Dores do Indaiá, Minas Gerais, em 14 de agosto de 1902 — f. em 28 de setembro de 1971, em Belo Horizonte, Minas Gerais)

Pernmanência do Poema
Canção
Sombras Fraternas

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