O sótão: era ali
que o mundo começava. Ainda
não sabias, então,
quantas letras te seriam
necessárias para soletrar
o alfabeto dos dias, para encher
a tua caixa
de música, a tua concha
de areia. E ainda
o não sabes hoje. Com cinza
nada se escreve a não ser
as vogais do silêncio. E este
é o nome que se dá à ausência,
quando a noite e a poeira
dos astros pousam
sobre a ranhura dos olhos.
in Cem Poemas Portugueses do Adeus e da Saudade
Selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria
Terramar
Albano Dias Martins (n. Fundão, 6 de agosto de 1930)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Gramática da noite e do teu corpo
Crepúsculo de Agosto
E me disseste: vem
Entardecer na Praia da Luz
Sem comentários:
Enviar um comentário