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2014-08-05

MEDITAÇÕES SOBRE A MORTE - António MIranda

“Sou onde não estou
estou onde não sou”.

LACAN


1.

Definitivamente, vou ao hospício
para recobrar a lucidez.

2.

Tiro fotos para apreender a realidade
e flagro a morte.

A vida, se existe,
é um deixar de ser.

Mortes sucessivas
antes da derradeira morte
no lugar-comum
do avesso da vida.

3.

Pior: um reconstruir-se para continuar sendo
- no paradoxo do absurdo!

4.

A fotografia como espelho
no meu álbum de família.

Eu em diversos momentos
de minha morte.

Na memória, um cemitério
revivescente:
“o” nada!

5.

Eu já morri
enquanto a literatura
- tentando eludir a morte -
degrada a minha existência
buscando preservá-la
mas só ela me sobrevive.

(12 julho 2005)

Extraído do sitio do autor aqui

Antonio Lisboa Carvalho de Miranda nasceu em 5 de agosto de 1940 em Bacabal, estado do Maranhão, Brasil.

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