Há uma mulher em toda a minha vida,
Que não se chega bem a precisar.
Uma mulher que eu trago em mim perdida,
Sem a poder beijar.
Há uma mulher na minha vida inquieta.
Uma mulher? Há duas, muitas mais,
Que não são vagos sonhos de poeta,
Nem formas irreais.
Mulheres que existem, corpos, realidade,
Têm passado por mim, humanamente,
Deixando, quando partem, a saudade
Que deixa toda a gente.
Mas coisa singular, essa que eu não beijei,
É quem me ilude, é quem me prende e quer.
Com ela sonho e sofro... Só não sei
Quem é essa mulher.
in "Bosque Sagrado"
Extraído de Obra Poética de Alfredo Brochado, Edição de José Carlos Seabra Pereira, Lello Editores
Alfredo Monteiro Brochado (n. em Amarante a 3 de fevereiro de 1897 e suicidou-se em Lisboa a 16 de maio de 1949).
Ler do mesmo autor neste blog:
Tríptico
Misticismo
Miniaturas
Desvio
Na Atitude Saudosa de Quem Chora
Súplica
Confissão
Silêncio
Sem comentários:
Enviar um comentário