Morrer é só deixar cair os braços,
ser indiferente a tudo: à Vida e à Morte...
e olhar com olhos d'amargura, baços,
a Primavera, o Outono, o Sul, o Norte...
Ter sede e nem sequer ir procurar as fontes,
ter amor e fugir ao seu alento
e errar na paz suavíssima dos montes
como num pôr-de-sol vago e nevoento...
Morrer é olhar toda a miséria ardida
e não poder chorar sobre uma rocha tosca
como chora quem vive: o mar, a luz fosca...
É não ter olhos para a dor da Vida,
nem esperança na Morte, nem saudade,
ser indiferente ao sol, à lua, à tempestade...
António Patrício (n. no Porto a 7 de março de 1878 - m. em Macau, China a 4 junho 1930)
Ler do mesmo autor, neste blog:
O QUE É VIVER
Uma Manhã no Golfo do Corinto
Relíquia
Saudade do teu corpo
É Uma Tarde de Estio
Em Prinkipo
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