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2013-12-04

INCONTENTAMENTO - Filinto de Almeida

Viste que tudo foi tempo perdido
E todo emprego foi mal empregado...
Mas foste - Poeta em vida desgraçado -
Pelo teu próprio génio redimido.

Eu, que não posso a ti ser comparado,
Nem por tantas desgraças fui ferido,
Por infortúnios julgo-me oprimido
E não ando contente com o meu fado.

Incontentável trovador, que aspira
A erguer a grande altura a voz da lira
E só lhe arranca os sons tíbios e roucos,

Sem que o poder do génio me redima,
Vou gemendo sem brilho, rima a rima,
Mágoas da vida - que se extingue aos poucos.

Francisco Filinto de Almeida (n. no Porto em 4 Dez. 1857; m. no Rio de Janeiro, RJ, em 28 Jan. 1945).

Ler do mesmo autor:
Amor e Razão
Chama da Vida
Misteriosa
Funesta
Último Apelo

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