Do sofrimento o arcanjo lamentoso
Sobre a face do mundo estende o braço:
Um diadema ofertava, e pavoroso:
"Para o que mais sofreu!" gritou no espaço.
Eis logo imensa turba se atropela,
Todos querem ganhar a prenda infausta;
Mas nenhum dos que chegam por obtê-la
Mostrava a taça da amargura exausta.
"Afastai-vos!" lhes brada o génio esquivo,
"Nenhum tocou do sofrimento a meta:
"Tu, só tu mereceste o prémio altivo;
"Ergue a fronte, coroa-te, poeta!"
António Augusto Soares de Passos (Porto, 27 de Novembro de 1826 – Porto, 8 de Fevereiro de 1860)
Ler do mesmo autor:
Amor e Eternidade
O Firmamento
Partida
O Noivado do Sepulcro
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