Não sei o que tu pensas deste amor,
Nem, sequer, se um momento, um só que fosse,
Desejas dar alívio à imensa dor
Que esta paixão me trouxe...
É bem fundo e pesado o meu martírio
Em que a ansiedade é como um negro açoite;
Mas quem pode saber, formoso lírio,
O que o Sol pensa da Noite?!
António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Maio 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888).
«Fogaça foi um desses cedo-mortos que tiveram unicamente na arte como na vida, páginas de mocidade. A poesia de António Fogaça é quase sempre risonha de prazer, voluptuosa, quente d'amor lânguida e macia como essas peçasinhas que ele dóba para as suas amadas que, mesmo morrendo, ficam vivas para ele...» (Manoel de Sousa Pinto in Arte & Vida, nº. 1 - Novembro de 1904).
Ler do mesmo autor neste blog: Desgostosa; Os Rouxinóis; Visão dum leito.
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