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2013-01-07

Perto muito perto - Helder Moura Pereira

Chego ao pé do limite,
o corpo cansado
traz as setas
do sono e a noite
esconde a alegria.
Onde tudo acontece
passam as imagens,
pressinto as nuvens
sobre os navios, o eco
de sons de aviso.
Como se inquieta
a cabeça tocando outra
na luz atravessada
de luzes. Chego à ponta
dos dedos, à esquina
da memória, adormeço, não
adormeço, canto
para adormecer.
Tudo parte de baixo
para a paisagem
do tecto, alegro-me
porque não é preciso
falar. O que sentes
está aí tão à vista
desaba sobre os olhos
o falso espaço
da casa. E a manhã
perde a luz
que só havia nas palavras.


(Para não falar)

Extraído de Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea Um Panorama Organização de Alberto da Costa e Silva Alexei Bueno Lacerda Editores 1999

Helder Moura Pereira nasceu em Setúbal a 7 de Janeiro de 1949

Ler do mesmo autor, no Nothingandall: Adio o Convite, Provoco; Por um rosto chego ao teu rosto

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