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2012-12-03

Elvira - Adolfo Werneck

Ao Hypolito Pereira

Olhos de estrela que a treva espanca,
                         Que a treva esgarça...
Passa, perpassa de branco, branca.
                         Como uma garça.

Ao sol ardente que lírios cresta
                         Resplende a coma,
De onde se evola o suave aroma
                         De malva e giesta.

Lábios vermelhos, macia rosa
                         De rubra cor;
Divina boca, boca olorosa.
                         Como uma flor.

Pisa de manso, com tanta graça,
                         Mal se presente...
Parece uma ave quando esvoaça
                         Serenamente.

Em coro dizem todos ao vê-la
                          Passar tão leve:
"Visão sublime de um sonho breve!
                          Rútila estrela!

Astro que d'alma desfaz a treva
                          Mito, fantasma,
Quimera, duende, sonho que enleva
                          Seduz e pasma"!

                         ***
Lírio dos lírios! Ó branco lírio!
                         Ó flor! Ó luz!
Esgarça a treva do meu martírio,
                         Tira-me a cruz...

Ando arrastado pelo caminho
                         Da desventura!
Nem um consolo, nem um carinho
                         De uma alma pura!...

Ermo de afectos me vejo agora
                         Ó luz! Ó flor!
Faze-me n'alma surgir a aurora
                         Fulva do amor.

Lírio dos lírios! Ó branco lírio!
                         Ó flor sem par!
Espanca a treva do meu martírio
                         Com teu olhar.

Poema daqui com atualização da grafia

Adolpho Jansen Werneck de Capistrano (Morretes, 3 de dezembro de 1879 — Curitiba, 18 de agosto de 1932)

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