Crescimento do silêncio a devorar as nuvens.
Voo incansável e monótono das aves brancas do cérebro.
Florida e ondulada suspensão da mágoa.
As ferocidades são ternuras desmaiando na estepe adivinhada.
O amor abre goelas bocejantes nos côncavos da ausência do espaço.
E a morte espreitando a lentidão
irradia baçamente a sua despedida.
Noite vazia.
As aves brancas do cérebro
inutilmente abatem as suas asas!
(Poemas Surdos 1034-1940, 1963)
Extraído de Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora
Edmundo Alberto de Bettencourt nasceu no Funchal no dia 7 de Agosto de 1899 e faleceu em Lisboa no dia 1 de Fevereiro de 1973
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