Quero... porém, sem querer...
Amo, e muito... sem amar...
Tenho um prazer... sem prazer...
Sou como quem busca ver -
mas... que prefere cegar...
Se eu dissesse: "Não!" mentia.
Se: "Sim!" faltava à verdade.
Tenho a calma... da agonia:
Metade, sou de alegria,
Sou de dor a outra metade...
Que a face alegre aparente...
Que importa? - a face escondida,
Como n’água transparente,
Vê-se um tumulto latente
No fundo de minha vida...
Porque... Quero... sem querer.
Amo e muito... sem amar,
Sofro do próprio prazer...
Mando a minh’alma dizer,
E ela me manda calar...
Poema Extraído do sítio da Academia Brasileira de Letras
Eduardo Pires Ramos (Salvador, 25 de maio de 1854 — Rio de Janeiro, 15 de maio de 1923)
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