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2012-05-15

Poema (sem título) de Eduardo Ramos

Quero... porém, sem querer...
Amo, e muito... sem amar...
Tenho um prazer... sem prazer...
Sou como quem busca ver -
mas... que prefere cegar...

Se eu dissesse: "Não!" mentia.
Se: "Sim!" faltava à verdade.
Tenho a calma... da agonia:
Metade, sou de alegria,
Sou de dor a outra metade...

Que a face alegre aparente...
Que importa? - a face escondida,
Como n’água transparente,
Vê-se um tumulto latente
No fundo de minha vida...

Porque... Quero... sem querer.
Amo e muito... sem amar,
Sofro do próprio prazer...
Mando a minh’alma dizer,
E ela me manda calar...

(O Jornal, 28.01.1934.)

Poema Extraído do sítio da Academia Brasileira de Letras

Eduardo Pires Ramos (Salvador, 25 de maio de 1854 — Rio de Janeiro, 15 de maio de 1923)

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