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2011-12-13

A MEIO PAU - Adélia Prado

Queria mais um amor. Escrevi cartas,
remeti pelo correio a copa de uma árvore,
pardais comendo no pé um mamão maduro
- coisas que não dou a qualquer pessoa -
e mais que tudo, taquicardias,
um jeito de pensar com a boca fechada,
os olhos tramando um gosto.
Em vão.
Meu bem não leu, não escreveu,
não disse essa boca é minha.
Outro dia perguntei a meu coração:
o que há durão, mal de chagas te comeu?
Não, ele disse: é desprezo de amor.


in 366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco Graça Moura, Quetzal Editores

Adélia Luzia Prado Freitas (nasceu em Divinópolis, Minas Gerais em 13 de dezembro de 1935).

Ler da mesma autoria:
Azul Sobre Amarelo, Maravilha e Roxo
Poema Começado do Fim
O Pelicano

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