Sinto os guizos da Morte. E eu bem sei
Que o morrer é partir pra outras paisagens.
Os guizos... São prisões que outrora um rei
Mandou fazer para prender os pajens.
Estreitas frestas por janelas têm
Que em trevas e saudade a luz convertem.
E as esferas que dentro em si contêm,
Os pajens a gritar pra que os libertem.
Sinto os guizos da Morte... A mala posta
Que vai levar-me à torre que eu diviso
E onde quem chama não obtém resposta
E eu própria sou um guizo agonizando.
Minha boca é a fresta desse guizo
Onde um pajem vermelho anda chorando.
(Mais Alto, 1917)
in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc XXI, POrto Editora
Alfredo Pedro de Meneses Guisado (nasceu a 30 de Outubro de 1891 em Lisboa, onde faleceu a 2 de Dezembro de 1975).
Ler do mesmo autor:
Outrora
Apagou-se por fim o incerto lume;
O Baloiço
Um Poema de "Elogio da Desconhecida" - Alfredo Guisado
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