Lua, que lavas teus linhos,
sempre a lavar
numa lixívia de nuvens,
branca, branquinha de espuma,
e escorres tudo lá no alto
para secar;
lua que lavas teus linhos
pelos valados maninhos,
na serra onde vai nevar;
oh lua alagando o mundo
nesta espuma de cegar!
lua que lavas teus linhos
e que os enxáguas
e os pões em qualquer lugar —
nos terraços lageados,
nos velhos muros caiados,
nos laranjais do pomar
ou nos campos orvalhados
onde estão a gotejar —
lua que lavas teus linhos
até nas praias do mar —
vem, lua, e lava minha alma!
Oh lava minha alma em lágrimas,
para que Deus, sol das almas,
venha a enxugar.
Ler do mesmo autor:
Na Praia
Viajante Estrangeiro
Visão
Sem comentários:
Enviar um comentário