Não tenho paz nem posso fazer guerra;
temo e espero, e do ardor ao gelo passo,
e voo para o céu, e desço à terra,
e nada aperto, e todo o mundo abraço.
Prisão que nem se fecha ou se descerra,
nem me retém nem solta o duro laço;
entre livre e submissa esta alma erra,
nem é morto nem vivo o corpo lasso.
Vejo sem olhos, grito sem ter voz;
e sonho perecer e ajuda imploro;
a mim odeio e a outrem amo após.
Sustento-me de dor e rindo choro;
a morte como a vida enfim deploro:
e neste estado sou, Dama, por vós.
Francesco Petrarca (n. em Arezzo 19 Jul 1374, m. em Pádua 20 Jul 1304)
Tradução de Jamil Almansur Haddad, do original:
Pace non trovo e non ho da far guerra;
e temo e spero, ed ardo e son un ghiaccio;
e volo sopra'l cielo e giaccio in terra
e nulla stringo e tutto 'l mondo abbracio.
Tal m'ha in prigion che non m'apre nè serra,
nè per suo mi ritien nè sciogle il laccio;
e non m'ancide Amor e non mi sferra,
nè mi vupl vivo nè mi trae d'impaccio.
Veggio senz'occhi, e non ho lingua e grido;
e bramo di perir e chieggio aita;
e ho in odio me stesso ed amo altrui.
Pascomio di dolor, piangendo rido;
egualmente mi spiacecmorte e vita:
in questo stato sion, donna, per vui.
Francesco Petrarca
Retirado de "A Circulatura do Quadrado"- Alguns dos mais belos sonetos de poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa"; introdução, coordenação e notas António Ruivo Moutinho - Edição Unicepe
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