Vieste tarde, meu amor. Começa
em mim caindo a neve devagar…
Morre o sol; o outono vem depressa,
e o inverno, finalmente, há de chegar.
E se hoje andamos juntos, na promessa
de caminharmos toda a vida a par,
daqui a pouco o teu amor tem pressa
e o meu, daqui a pouco, há de cansar.
Dentro em breve, por trás das velhas portas,
dando um ao outro só palavras mortas
que rolam mudas sobre nossas vidas,
ouviremos, nas noites desoladas,
tu, a canção das vozes desejadas,
eu, o chorar das vozes esquecidas.
Joaquim Nunes Claro (nasceu em Lisboa a 20 de Abril de 1878 e faleceu em Sintra, 5 de Maio de 1949)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Quem quer que sejas tu, que neste abrigo
Partiste e a serra idílica do vento
Toma essas rosas de Dezembro agora
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