Há dias, ao passar nas alamedas
Da minha terra, ao darem as trindades,
Pisando folhas, como velhas sedas,
Com os meus olhos cheios de saudades,
Há dias, quando eu fui nem sei por onde,
Entre lírios e tristes açucenas,
Às horas em que o sol de nós se esconde,
E repicam os sinos às novenas,
Há dias, quando eu fui na tarde exangue,
Ouvindo a minha voz interior,
Faziam recordar gotas de sangue
Os derradeiros raios do sol-pôr.
Bendita sejas, tarde harmoniosa,
Tarde da minha fé e do meu desejo,
Branda como uma pétala de rosa,
Ou como o aroma de um antigo beijo.
in "Bosque Sagrado"; Extraído de Obra Poética de Alfredo Brochado, edição de José Carlos Seabra Pereira, Lello Editores
Alfredo Monteiro Brochado (n. em Amarante a 3 de Fevereiro de 1897 e suicidou-se em Lisboa a 16 de Maio de 1949).
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