A quebrada e a sinuosa.
Tudo é preciso.
De tudo viverás.
Cuida com exatidão da perpendicular
E das paralelas perfeitas.
Com apurado rigor.
Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,
Traçarás perspectivas, projetarás estruturas,
Número, rítmo, distância, dimensão.
Tens os seus olhos, o teu pulso, a tua memória.
Construirás os labirintos impermanentes
Que sucessivamente habitarás.
Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.
Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.
in Poesia Brasileira do Século XX, Dos Modernistas à Actualidade, seleção, introdução e notas Jorge Henrique Bastos, Antígona
Cecília Benevides de Carvalho Meireles (Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964)
Ler neste blog da mesma autora:
A Chuva Chove
Motivo
Ou isto ou aquilo;
De um lado cantava o Sol;
Despedida;
Mulher ao espelho;
Balada das Dez Bailarinas do Cassino
Ler ainda um post a propósito: Dos 41 anos da morte de Cecília Meireles em 9-11-2005
1 comentário:
Há sempre belas poesias por aqui. Gosto imenso de Cecília Meireles. Obrigado pela partilha.
Hoje amanheceu um dia melancólico pelo que a chuva produz...embora ainda não chova, mas olhando o céu a quantidade de nuvens que pairam no ar, faz adivinhar que em breve virá a chuva...
Continuo mostrando Zagreb e no outro blog recomecei falando de cinema que há muito tempo não o fazia...mas ultimamente tenho feito numa tarde sessões duplas.
Uma óptima semana.
Deixo sorrisos, poesia e flores (tulipas, pois então...)
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