Letras, sílabas,
papel,
a arquitectura
da mão que flui domando-se à palavra
e da pedra que é a fronte debruçada
procurando a grafia do que ainda
desponta sem veemência que se agarre.
Tarefa impura, ambígua: ninguém ouse
ler que este cálamo sangra na mentira.
Violenta lei o incita,
que consagra por ser uma verdade
somente sua, para outros velada;
propõe símbolos mas não revelará
o corpo que reflectem, ou se negam
o que excede sua música volátil
Uma boca modula:
a voz de alguém
ou um eco truncado que mascara
não um rosto mas os ritos de uma era?
Não o que sentes é o único sentido
do que escreves.
Abandonas,
Esqueces este espelho.
Tua imagem?
-Quem o empunhe vem dar-lhe a própria face.
José Bento de Almeida e Silva, nasceu a 17 de Novembro de 1932 na Freguesia de Pardilhó, Concelho de Estarreja.Ler do mesmo autor, neste blog:
Porque o fim de um caminho
Novembro apagou nas buganvílias
Sem comentários:
Enviar um comentário