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2010-07-06

Feiticeira - Delfim Guimarães

Nunca lhe confessara o amor ardente
Que ela em mim despertou, mal eu a vira;
Escondia-o no peito, avaramente,
Receando que alguém mo descobrira

Guardava-o o'ra comigo unicamenre...
Arrancar-mo? Ninguém o conseguira!
Dizer-lho a ela? Nem sequer à mente
Essa ideia, confesso, me acudira.

Mas certo dia, em seu olhar tão doce
Vi fulgir um clarão, o quer que fosse
Que me intrigou...Interroguei-a a medo,

E soube então, surpreso e alvoroçado,
Que os seus olhos haviam desvendado
O que eu na alma guardava: o meu segredo!


in «Os Dias do Amor, um poema para cada dia do ano», recolha, selecção e organização de Inês Ramos, Ministério dos Livros

Delfim de Brito Guimarães (n. no Porto, em 4 de Agosto de 1872; m. na Amadora em 6 de Julho de 1933).

1 comentário:

Luma Rosa disse...

:D Por onde corro o mouse no seu blogue aparecem quadradinhos!

Será que este segredo antes mesmo de ser 'descoberto', não foi 'cavado'. Afinal, ciganos sempre estão atrás de tesouros! (rs*)

A mulher sempre descobre o homem primeiro e faz troça, fingindo ser ele o descobridor!

Beijus,

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