Que rosas fugitivas foste ali:
Requeriam-te os tapetes — e vieste ...
— Se me dói hoje o bem que me fizeste,
É justo, porque muito te devi.
Em que seda de afagos me envolvi
Quando entraste, nas tardes que apareceste
Como fui de perca! quando me deste
Tua boca a beijar, que remordi ...
Pensei que fosse o meu o teu cansaço
Que seria entre nós um longo abraço
O tédio que, tão esbelta, te curvava ...
E fugiste ... Que importa? Se deixaste
A lembrança violeta que animaste,
Onde a minha saudade a Cor se trava? ...
Mário de Sá-Carneiro (n. Lisboa, 19 de Maio de 1890; m. em Paris, 26 de Abril de 1916 -suicídio).
Ler do mesmo autor neste blog:
Escavação
Ápice
Além-Tédio
Quase
Dispersão
I lost myself within myself... (tradução parcial do poema Dispersão)
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