Se amar é procurar a cousa amada
e unir duas vontades num desejo,
se é ressentir um mal tão benfazejo
que quanto mais tortura, mais agrada;
se amar é sofrer tudo por um nada
e a um tempo achar que e pouco o que é sobejo,
já claramente agora entendo e vejo
que não há quem de amor me dissuada.
Ó doce inquietação e doce engano,
doce padecimento e desatino
de que não me envergonho, antes me ufano!
Comigo quantas vezes imagino:
se é tão doce na terra o amor humano,
que não será no Céu o amor divino?!
José de Abreu Albano (n. em Fortaleza, Ceará, Brasil a 12 Abr 1882, m. em Montauban, França a 11 Jul 1923)
Ler do mesmo poeta Soneto; Ode À Lingua Portuguesa; Prece
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