Quero-te como quero à abóbada nocturna,
Ó vazo de tristeza, ó grande taciturna!
E tanto mais te quero, ó minha bem amada,
Por te ver a fugir, mostrando-te empenhada
Em fazer aumentar, irónica, a distância
Que me separa a mim da celestial estância.
Bem a quero atingir, a abóbada estrelada,
Mas, se julgo alcançar, vejo-a mais afastada!
Pois se eu adoro até - ferro monstro, acredita! -
O teu frio desdém, que te faz mais bonita!
Charles-Pierre Baudelaire (nasceu a 9 de Abril de 1821 em Paris, m. 31 de Agosto de 1867)
Ler do mesmo autor, neste blog:
Correspondências
Um Hemisfério numa cabeleira
Sem comentários:
Enviar um comentário