Dizem que traz felicidade a teia
De aranha. Surge um dia, malha a malha,
E a aranha infatigável que trabalha
Mata os insectos quanto mais se alteia.
Sobe ao beiral. É um berço e balanceia
Ao vento que os filetes de ouro espalha...
E, ao sol iluminado que a amortalha,
A trama iluminada se incendeia.
Surge a primeira borboleta ebriada...
Vem louca, primavera de ansiedade...
Mas de repente, a asa despedaçada
Rola... É o fim... a tortura da grilheta...
Não quero nunca essa felicidade
Que vem da morte de uma borboleta.
in Antologia Portuguesa e Brasileira, Evaristo Pontes dos Santos, Porto 1974
Olegário Mariano Carneiro da Cunha (nasceu na cidade de Recife, Pernambuco, a 24 de março de 1889. Faleceu no Rio de Janeiro a 28 de Novembro de 1958).
Ler do mesmo autor:
O Enterro da Cigarra
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