Verás, Amor cruel, descer serena,
dos céus ditosos, a piedosa Imagem
e ficarás, como és, indiferente
à sua luz de estranha suavidade.
Verás, nos teus desertos interiores,
florir pobres jardins abandonados
e nascer, pelas árvores mais secas,
dourados frutos plenos, sumarentos.
Verás milagres: urzes dos caminhos
servirão p'ra fazer os frágeis ninhos
e os bichos feros mansos ficarão.
Só tu, nesse Éden, que antevejo um dia,
serás, cruel Amor, distante e fria
-sinal do meu castigo sem perdão.
Augusto Frederico Schmidt nasceu a 18 de Abril de 1906 no Rio de Janeiro; m. no Rio de Janeiro a 8 de Fevereiro de 1965.
Ler do mesmo autor, neste blog:
Quando eu morrer
Vazio
2 comentários:
Querido amigo; sem dúvida, um belo soneto! Boa semana! Beijos
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