Quando em meu desvelado pensamento
O teu formoso gesto de afigura,
Não sei que afecto sinto, ou que ternura,
Que a toda esta alma dá contentamento.
Ali fico num largo esquecimento,
Contemplando na minha conjectura
Do teu sereno rosto a graça pura,
De teus olhos o doce movimento.
Porém logo a inconstante fantasia
Me acorda o entendimento arrebatado,
E desfaz todo o bem, que me fingia,
Sendo tal este gosto imaginado,
Que de Amor outra glória eu não queria
Mais que trazer-te sempre em meu cuidado.
in Os dias do Amor, um poema para cada dia do ano, recolha, selecção e organização de de Inês Ramos, prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho
Filinto Elísio [Pde. Francisco Manuel do Nascimento] (n. em Lisboa a 23 Dez 1734; m. 25 Fev. 1819).
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Dormias Márcia
Nos Foge o Tempo
Estende o manto, estende ó noite escura
Uns lindos olhos, vivos, bem rasgados
Fábula [No cristal duma fonte clara e pura]
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