Alguns revistam o fundo do mar, alguns lançam-se a uma estrela
E, mãe, alguns obsessivos voltam ao contrário cada pedra
Ou abrem sepulturas para que entre aquela luz da estrela.
há homens capazes de abrir seja o que for.
Harvey, a circulação do sangue,
E Freud, a circulação dos nosso sonhos,
Espreitaram honradamente e honrados são
Como todos os exploradores. Homens capazes de abrir homens.
E aqueles outros, mãe, com doenças
Como ruas grandiosas que tomaram o seu nome:
Addison, Parkinson, Hodgkin - médicos capazes de chegar
Depressa e primeiro a qualquer cena amarga com um leito de morte.
Deles sou o colega lento, meio amedrontado,
Incurioso. Em rapaz era assim: sabes como
A minha pequena mão nunca arreliou até destroçar
Um despertador ou retalhou um rato morto.
E esta mão maior é igual. Estende-se agora
De uma manga branca para erguer, mãe,
O teu raio X até ao ecrã brilhante. Os meus olhos vêem
Mas não querem ver; eu ainda não quero saber.
Trad. Carlos Rego Pinheiro, in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio Alvim
Dannie Abse (n. em Cardiff, a 22 Set.1923 in Cardiff, Wales)
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