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2009-08-18

Centenário do Nascimento de Adolfo Simões Müller

Adolfo Simões Müller nasceu em Lisboa faz hoje, 18 de Agosto de 2009, cem anos! Escritor com uma vasta obra dirigida especialmente para crianças foi também um tradutor com obra significativa, como seja, nomeadamente, as traduções de Cartas de Amor, de Pablo Neruda, e Os Possessos de Dostoievski.

Foi também director de muitas revistas, jornais e suplementos de jornais para crianças, fundados ao longo dos anos 30 a 50: O Senhor Doutor, O Papagaio, O Diabrete, O Faísca, O Mosquito, O Cavaleiro Andante, João Ratão, O Foguetão, Zorro, A Nau Catrineta (suplemento do Diário de Notícias). Nas páginas d’O Papagaio foram pela primeira vez publicadas em Portugal as histórias de Hergé, e O Diabrete divulgou outras personagens, hoje famosas, de banda desenhada: Astérix e Lucky Luke.

Foi, porém, como biógrafo, para a infância e a juventude, de alguns dos maiores vultos da história e da ciência, Fernão de Magalhães, Marco Pólo, Thomas Edison, Madame Curie, Guttenberg ou Gago Coutinho, entre outros, através da colecção "Gente Grande para Gente Pequena" que Simões Müller desempenhou uma notável acção pedagógica.

O autor lisboeta faleceu, na cidade onde nasceu, em 17 de Abril de 1989, com 88 anos de idade. Hoje completa 100! Com a poesia a assumir um papel de relevo neste blog vamos relembrá-lo com:

Era Uma Vez

Quando eu era pequenino,
gostava de ouvir contar
histórias de princesinhas
encantadas ao luar.

Havia então lá em casa
uma criada velhinha,
a Sérgia contava histórias
– e que graça que ela tinha!

Lendas de reis e de fadas,
inda me encheis a lembrança!
Que saudades de vós tenho,
ó meus contos de criança!

"Era uma vez…" As histórias
começavam sempre assim;
e eu, então, sem me mexer,
ouvia-as até ao fim.

Lembro-me ainda tão bem!
Os irmãos à minha beira,
calados! E a boa Sérgia
contava desta maneira:

"Era uma vez…" E depois,
olhos fitos nos seus lábios,
ouvia contos sem conta
de gigantes e de sábios…

"Era uma vez…" E, por fim,
a voz da Sérgia parava…
E assim como eu te contei
era como ela contava.

Ai! que saudade, que pena,
que nos meus olhos tu vês!
Eu sentava-me e ela, então,
começava: - "Era uma vez…"

In "O Príncipe Imaginário e Outros Contos Tradicionais Portugueses"

Ler do mesmo autor, neste blog:
Poetas Malditos
O mistério da palavra

Links externos para saber mais sobre Adolfo Simões Müller:
1- Texto de Maria da Natividade Pires, em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa.
2 - Simões Müller na Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas
3- Na Wikipedia

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