Amor, morte, poesia, política, actualidade, futebol, efemérides, solidão, paz, humor, musica...tudo e nada; Here we talk about life, love, death,
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2009-03-11
Nunca eu te lesse, balada! - Gonçalves Crespo
(...)
Ontem, à tarde, beijando-a
De teu lábio a viva rosa,
Lembrou-me a historia singela
Dessa balada amorosa;
E dentro em mim de repente
Tão estranha dor senti,
Que num ímpeto demente
De teu lábio úmido e ardente
Com torvo aspecto fugi!
Lembrou-me, cabeça louca!
Que se eu acaso morresse,
Talvez um outro sorvesse
Os beijos da tua bôca...
E no azul indefinido,
Ó minha piedosa anémona!
Cuidei ouvir o gemido
Da moribunda Desdémona...
Ai desavindo amor!
Perdoa, sombra adorada!
Nunca eu te avistasse flor!
Nunca eu te lesse, balada!
in Os dias do Amor, um poema para cada dia do ano, recolha, selecção e organização de Inês Ramos; prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho. Ministério dos Livros, 2009.
António Cândido GONÇALVES CRESPO nasceu nos subúrbios do Rio de Janeiro a 11 de Março de 1846 e morreu, tuberculoso, em Lisboa, a 11 de Junho de 1883.
Ler do mesmo autor Na Roça; Mater Dolorosa
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