Lúgubre, acaçapada, espiando no ermo, à beira
do açude da fazenda, a lua de opala,
com sussurros de reza ou rumores de feira,
via-se, num quadrado, a sordida senzala...
Sobre um velho jirau forrado de uma esteira,
ei-la, embalando ao colo – e com que amor na fala! –
o sinhozinho branco, a quem se dava, inteira,
até que, adulto, fosse, um dia, vergastá-la!
Sofre como ninguém! Com fervor nunca visto,
persignava-se ao ver céus azuis e montanhas:
Louvado seja Deus Nosso Sinhô – Suns Christo!
Na escravidão do amor, a criar filhos alheios,
rasgou, qual pelicano, as maternais entranhas,
e deu, à Pátria Livre, em holocausto, os seios!
Ciro Costa (n. em Limeira, São Paulo a 18 de Março de 1879; m. no Rio de Janeiro a 22 de Maio de 1937).
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