A ti que em astros desenhei nos céus,
A ti que em nuvens desenhei nos ares,
A ti que em ondas desenhei nos mares,
A ti, bom anjo, o derradeiro adeus!
Parto! Se um dia (que é possivel flôr!)
Vires ao longe negrejar um vulto,
Sou eu que aos olhos d'esta gente oculto
O nosso imenso desgraçado amor.
Talvez as feras ao ouvir meus ais,
As brutas selvas, as montanhas brutas,
Côncavas rochas, solitárias grutas,
Mais se condoam, se comovam mais!
E lá daquelas solidões se aqui
Chegar gemido que uma pedra estale,
Que um cedro vibre, que um carvalho abale,
Sou eu que o solto por amor de ti...
De ti, que em folha que varrer o ar,
Em rama, em sombra que bandeie a aragem,
De fito sempre nessa cara imagem
Verei, sorrindo, sentirei passar!
De ti que em astros desenhei nos céus!
De ti que em nuvens desenhei nos ares!
De ti que em ondas desenhei nos mares,
E a quem envio o derradeiro adeus!
in 366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores
João de Deus de Nogueira Ramos (João de Deus), nascido em 8 de Março de 1830 em São Bartolomeu de Messines (Silves) e falecido em Lisboa em 11 de Janeiro de 1896.
João de Deus de Nogueira Ramos (João de Deus), nascido em 8 de Março de 1830 em São Bartolomeu de Messines (Silves) e falecido em Lisboa em 11 de Janeiro de 1896.
Ler do mesmo autor:
De Dia a Estrela de Alva Empalidece
A Cigarra e a Formiga
A vida
Agora
Sem comentários:
Enviar um comentário