Passa a água do rio, clara e cantante,
Passa no céu profundo a tempestade
Passa a folha caída e, num instante,
Passa o tempo que leva a mocidade...
Passa a onda no mar, seguindo avante
Passa a águia veloz, na imensidade,
Passa da rosa o cheiro inebriante,
Passa dum lindo olhar a claridade.
Passa o vento, a gemer, nos salgueirais,
Passa a lua boiando... e na emplidão
Passam ecos d'acordes musicais.
Só tu mulher, desfeita esperança,
Só tu que me abrasaste o coração,
Me não passas um dia da lembrança
(in Os dias do Amor, Um poema para cada dia do ano, Recolha, selecção e organização de Inês Ramos, Prefácio de Henrique Manuel Bento Fialho; Ministério do Livro Editores)
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