A ideia de teu corpo branco e amado,
beleza escultural e triunfante,
persegue-me, mulher, a todo o instante,
- como o assassino o sangue derramado!
Quando teu corpo pálido, beijado,
abandonas ao leito - palpitante,
quem jamais contemplou, em noite amante,
tentação mais cruel, tom mais nevado?
No entanto - duro, excêntrico desejo!
- quisera, às vezes, que a dormir te vejo,
tranquila, branca, inerme, unida a mim...
que o teu sangue corresse de repente,
fascinação da Cor! - e estranhamente,
te colorisse, pálido marfim.
in Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, selecção prefácio e notas de Natália Correia; Antígona Frenes, Lisboa 2005
António Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 Jun 1848; m. 29 Jan 1921)
Ler do mesmo autor, neste blog: Romantismo; Som e Cor; O Visionário ou Som e Cor III; Cantiga de Campo
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